segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Capítulo 2- Conseqüências

Resolvi continuar postando o livro

Capítulo 2- Conseqüências


Depois que a gente saiu do closet, tudo mudou. Logo após a vaca da Kate bater na porta, eu e Di saímos normalmente, mas ele não sentou perto de mim. Ele parecia nervoso. Alguma coisa o incomodava. Passados uns 15 minutos, ele anunciou que precisava ir embora. Poxa, ir embora antes do parabéns? Falei para ele nervosa pra ele. Mas ele apenas falou que ele precisava ir, e foi. No dia seguinte, nem nos falamos direito, porque era domingo, e segunda eu tinha prova de matemática. Mas aí, segunda feira nada dele na rua. Nem terça, nem quarta nem quinta. Resolvi ir a casa dele. Tio Ron estava no portão vendo o movimento das árvores, que por incrível que pareça eram em mais quantidade do que os carros e bicicletas.
- Olá tio, o Di ta aí?- falei meio apreensiva
- Você não está sabendo?- responde ele espantado – Di foi para Ohio!
- COMO ASSIM?- explodi
- Calma minha filha, espere aqui, tenho algo para te entregar.
Ronny se virou e entrou em sua casa, que por sinal era meio estranha, com todas aquelas árvores sem folha e gatos. Eu não sabia se ria, se chorava ou se sentava na calçada. Esperava que do nada, Di pulasse atrás de mim e falasse:
- Enganei a boba!
Mas não, ele não saiu de lugar algum.
Tio Ron apareceu na porta de sua casa e me chamou. Aproximei-me meio abalada e ele falou:
- Olha, eu sinto muito. Eu sei o quanto você e meu filho são amigos, mas espero que entenda. Ele deve ter tido bons motivos para não te falar isso ao vivo.
Ron estendeu suas mãos e me deu um envelope e uma caixinha preta. Peguei aquilo pasma, e já ia começar a ler, mas Tio Ron me pediu para ler só quando chegasse em casa. Foi um conselho muito sábio, pois ele sabia que eu iria desabar em choro.
Fui correndo para minha casa. Entrei sem nem falar oi para mamãe que estava na cozinha. Corri para meu quarto, me tranquei lá, deitei em minha cama para ler aquela carta.
Reconheci que era do Andy mesmo, pois era sua caligrafia aquela. Não acreditei no que meus olhos estavam lendo.

Querida Anne,
Primeiramente quero me desculpar pela falta de hombridade minha em não te falar tudo isso ao vivo, mas espero que você me entenda. Estou me mudando para Ohio hoje. Vou estudar em uma escola de padrão britânico, o que via me ajudar muito no aprendizado. Parece que papai não era tão bom professor assim. HaHaHa
Não tente me entender, muito menos se achar culpada pelo que aconteceu no closet. Estou indo embora, mas vou voltar. Estou fazendo isso pela gente meu anjo, pela nossa amizade.

Eu te amo muito, mas do que você possa imaginar.
Do seu Di.

P.s: Estou mandando também um colar. Quero que você nunca o tire! Ele vai te proteger sempre que você precisar. Ele guarda um segredo, mas você só vai descobrir quando você realmente precisar de mim.

Reli a carta umas três vezes. Meus olhos não queriam acreditar no que eu estava lendo. Deitei-me na cama e chorei! Era um choro angustiante. Não sabia o que fazer. Era a primeira vez que eu estava sem o Andy do meu lado. Sentia-me sem chão algum. Peguei meu celular e tentei ligar para ele, mas só caia naquela merda de caixa postal. É, ele não estava mesmo aqui na cidade.
Já tinha passado uns 30 minutos e eu não conseguia conter meu choro. Foi aí que me lembrei do colar que ele havia me mandado. Abri a caixinha preta de veludo, sentindo minha veia do pescoço saltar. Dentro dela havia um pingente grande de prata ou ouro branco. Era pesado e tinha um formato de gato. Lógico, gatos! Eles sempre me faziam lembrar do Andy, pois ele tinha uns 20 em sua casa. O pingente pesava uns 200 gramas. Parecia que dentro dele tinha uma pedra até. Quer dizer, pedra não tinha, porque ele era todo maciço. Junto ao colocar, tinha uma corrente também prateada, que serviu certinho no meu pescoço. É, eu sei, era meio brega aquele gatinho. Mas parece que quando o coloquei em meu pescoço, minha alma pareceu mais serena do que nunca. Percebi que atrás do gato tinha uma escrita, com a caligrafia do Di, mas não entendi o que significava. Estas três letras, J.P.S.! Fiquei pensando o que poderia significar, mas nada veio na minha cabeça.
Fiquei olhando para o teto, tentando não pensar em nada. Minha cabeça estava sem pensamentos. Mas aí cai na real explodi de raiva. COMO ASSIM? Ele me beija num dia, e depois some no outro, meu melhor amigo, e também meu primeiro amor. Quer dizer, tinha o Tommy, mas eu só queria ficar com ele, e ele tava com a Kate agora. Foi aí que percebi que não chorava só por ele ter ido. Chorava também porque ele partiu meu coração. Ele me beijou e nem me falou se foi bom. Estava sozinha pela primeira vez na vida e me sentia realmente mal.
Adormeci com o gosto salgado das lágrimas em meu rosto. Acordei no meio da noite, com muita dor de cabeça, e com um estranho frio. Era verão e lá na cidade o frio passa longe! Era aquele pingente idiota que estava gelado como gelo. Não o tirei, mas tratei de colocar um agasalho para ficar mais quentinha e tentei dormir de novo. Na verdade, essa noite eu não dormi direito. Toda hora eu acordava e ficava ali, pensando. Me sentia uma louca, uma ridícula e uma mal amada.

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