quarta-feira, 24 de junho de 2009

Em nome do Amor


É um pouco grande, mas vale a pena eu acho! ---------

Era uma tarde pacata igual às seis ultimas da semana. Eu não sabia mais o que fazer para afastar a angústia que a espera me causava. Meu marido João havia partido para a guerra fazia dois e seis dias e era isso que me preocupava. Dois meses. Era só nisso que eu pensava. O tempo limite de espera havia se esgotado a meia noite da última sexta feira. Já era quinta e nada. Nem uma única notícia.
Todos os homens, vivos ou mortos, já haviam retornado. A guerra já tinha terminado, mas nada do meu João. Será que ele me largou? Será que está perdido ou coisa assim? Não. Não queria, nem podia mais pensar nisto. Tentava ocupar minha mente orando dias a fio, para Nossa Senhora e pedia força, proteção e respostas. Era só isso que faltava. Resposta.
Não sei que horas eram, me perdi nos meus pensamentos e orações e acabei dormindo. Tive um sonho estranho. Crianças, morte, sangue e medo. Parecia muito real. Acordei já passava das seis, pois meu galo cantava triste em cima do telhado. Tentei não pensar em meu último sonho. Fui para o curral tirar um pouco de leite da vaca da fazenda, que carinhosamente foi apelidada de Sininho. Ela também parecia sofrer com a ausência de João.
A mesa do café já estava posta, como se a qualquer momento, meu marido abrisse a porta, sorrisse para mim, talvez sem alguns dentes, mas vivo, e sentasse para tomar o amargo café preto que eu havia preparado pensando nele. Novamente perdida em meus pensamentos, assustei-me quando a porta fez um barulho, que só depois de repetido fez com que eu percebesse que era real, e não mais um pensamento vago. Levantei-me como que num pulo e fui em direção à porta, com todas minhas expectativas. Ao abrir a porta, toda minha esperança se foi, e em seu lugar veio um certo asco. Estava lá à frente da minha porta uma criança muito humilde. Negrinho, roupas rasgadas e pés descalços. Não era dessas bandas, pois era mais humilde do que o resto da comunidade. Não que eu seje rica ou coisas do tipo. Eu e João temos a Sininho, que é a nossa vaca de estimação, Léo, que é o galo e algumas galinhas escandalosas. Comparada com o resto da comunidade, que vivia a base de pão e fubá, eu era sim uma pessoa de sorte. Em primeiro momento tive sim nojo do menino, pois sua aparecia suja não combinava com o meu vestido vermelho berrante com flores amarelas que comprei da vizinha costureira. Mas depois de uma boa olhada, vi que seus olhos eram frios, tristes e cansados. Isso me fez imagina que ele passasse fome e estava a procura de comida. Olhei-o com o olhar mais materno que pude no momento, esperando ele falar alguma coisa, mas o moleque só olhava para baixo, então resolvi me pronunciar:
- Pois não?- falei
- Dona Rosemere?- disse num tom sombrio que fez os cabelos da minha nuca se arrepiarem.
- Me chame de Rose, por favor. Sou eu mesma, posso ajudá-lo?
- Preciso que me acompanhe até tenda médica. Não é muito longe, podemos ir agora se não se importar?
Nada fazia sentido agora. Tenda médica? Não havia tendas médicas aqui na Vila do Sol. Tinha sim um doutor, mas ele estava na guerra também, e seu consultório estava longe de ser uma tenda. Minha cabeça foi tomada pelos mesmos mil pensamentos que me faziam sofrer tanto nesta semana. Não sei quanto tempo fiquei ali parada pensando em todas as coisas que poderiam me aguardar naquela tenda. Talvez seja só um engano, pensei. Mas no fundo, sabia que era algo relacionado com João. Meus pensamentos foram interrompidos com uma frase um tanto quanto mal educada.
- Então dona é pra hoje ou não?
Voltei ao mundo real novamente, entrei correndo, coloquei um turbante na cabeça, e já ia saindo, mas antes peguei um pão para dar ao garoto que parecia faminto.
Não me pergunte como foi o caminho até a tal tenda. Meus olhos, mesmo abertos pareciam não ver. Apenas pensava e pensava. Andamos uns 5 minutos, e ao virar em uma rua perto da floresta, percebi que havia um gramado enorme por trás daquelas construções. Um helicóptero e uma tenda verde como a do exército. Foi sós isso que eu vi antes de meus olhos se encherem d’água e eu só me movimentar guiada pelo menino, que por sinal se chamava Dinho. Entramos na tenda, meu coração pulsava forte, e imaginei estar mais vermelha que meu vestido. Um senhor todo de branco, com uma cicatriz na testa veio em minha direção. Ele era um médico, pude perceber.
- Rosemere?- Sua voz era firme e grossa
- Rose, por favor. – disse tentando parecer calma
- Sou o doutor Gomes, muito prazer. Vou ser direto com a senhora, pois acredito que seu sofrimento precisa acabar.
Atrás dele pude perceber que tinha macas com pessoas, e que de dentro do helicóptero saía alguns soldados. Desliguei meus sentidos, e só olhei para a porta do helicóptero, que ainda estava com as hélices se mexendo freneticamente. O doutor pareceu sentir minha angústia e não ousou me interromper. O que eu esperava? Não sei. Acho que esperava ver meu amado aparece vestindo uma farda, e em seus lábios eu leria: “ Eu voltei minha rosa”...Então o doutor Gomes acreditou que esse era o momento certo, e me disse:
- Ele não vai descer daí Rose.
- Por que não?- perguntei segurando o choro.
- Bem Rose, essa é a última leva. Todos os soldados já retornaram, mas não seu marido. Ele sumiu logo depois do primeiro confronto com a tropa inimiga. Procuramos por ele ou pelo seu corpo, mas não o encontramos. Os amigos dele me falaram que ele tinha uma esposa muito apaixonada por ele, então eu mesmo queria te dar os pêsames. João foi muito corajoso enquanto vivo, e seja lá onde ele estiver, ele vai estar bem.
Eu comecei a rir. Uma risada sombria, que não sei da onde surgiu. Estava há dois meses esperando meu marido, e ele apenas sumiu. Agora não seriam dois meses nem seis dias. Seria o resto de minha vida, tentando achar uma resposta mais plausível para o desaparecimento do meu marido.
Saí correndo dali, sem nem menos agradecer o doutor, só parei ao passar pela porta, pois vi Dinho sentando na calçada, e por um momento tentei adivinhar da onde ele era. Corri para casa, entrei e sentei, comecei a chorar sem parar, pensando em tudo que havia vivido ao lado de João. Cada momento, cada sorriso. Arrependi-me de não ter lhe dado um filho. Minha garganta começou a pegar fogo, e dei um grito muito alto. Pude perceber que gritava questionando a bondade de Deus.
Com um baque, a porta se abriu. Olhei assustada, e mais susto eu levei quando meu olho fixou a pessoa que estava parada ali. Por um momento continuei olhando imóvel, para ver se a claridade do Sol das 11 estava me causando alguma ilusão. Mas quando vi aquele sorriso, até engasguei em meu choro. Era João! Mas como podia?
- Não vai me dar um oi Rose?- disse ele com sua voz macia.
Não me mexi, estava assustada demais para isso.
- Mas... Jo-João... Você não está morto?- perguntei tentando parar meu choro.
- Pareço morto querida?- disse ele rindo.
Pulei em seus braços e o abracei, só para ter certeza que não era minha imaginação. Não, era de carne e osso, literalmente. A guerra havia feito ele perder uns quilinhos, talvez uns dez.
- João, acabaram de me informar que você está morto. Como pode?
- No meio do primeiro confronto, me dei conta de que não havia lhe dado todo o amor que você merece, e na espreita, saí da confusão e me escondi até me sentir seguro. Passado uns dois dias, saí dali, e desde então venho fazendo o possível para chegar o mais cedo em casa, e poder me desculpar por não ter te trazido nem um souvenir.
- Mas João, não entendo, como você atravessou um oceano inteiro, e andou tantas milhas, sem roupas limpas ou documentos?
- Minha querida, não tente entender. Um homem que é movido pelo amor pode fazer de tudo se no final ele encontrar a mulher da vida dele.
Percebi que estávamos sentados no sofá. Minha cabeça estava com milhões de perguntas, mas só uma coisa importava para mim, ele estava de volta. Ele voltou por minha causa.
Então, deitei-me em seu colo e disse:
- É bom ter você de volta.

Fim

sexta-feira, 12 de junho de 2009

o MELHOR da vida!


Nossos melhores momentos são baseados nas piores ocasiões.
Toda briga, leva a uma desculpa;
Toda palavra dita da boca pra fora gera uma palavra dita de coração;
Todo trabalho leva a um descanso;
Toda responsabilidade trás a liberdade;
Todo esforço acarreta numa recompensa;
Todo orgulho leva ao amor.
Nós nos preocupamos muito com o que fazemos hoje, porque não sabemos quão glorioso pode ser o amanhã. Aproveito o HOJE, mesmo que ele possa estar sendo o pior momento de sua vida! Pode ter certeza que ele vai melhorar!


pra quem sempre acompanha aqui,desculpa a desatualização, semana que vem eu prometo postar alguma coisa descente! :X beijosmeliga!